residencia candeia

Ano: 2024
Cidade: Casa Branca/MG
Autor: Pedro Palmer
Área: 117,34m²

      O terreno onde se situa a Residência Candeia é cheio de particularidades. Ele se encontra em uma região cheia de vegetação nativa, em um solo raso, sob o qual temos uma grande quantidade de pedras que afloram. Sua inclinação é considerável tanto no sentido longitudinal quanto transversal e seus limites são cercados por ribanceiras acentuadas. Tais características pedem uma solução arquitetônica nada óbvia.
     De modo a acompanhar o declive natural, a casa foi implantada no terreno de maneira diagonal, de modo que praticamente toda a fachada frontal é térrea, enquanto a posterior se eleva próxima às copas das árvores, sem que haja qualquer mudança de pavimento. Como na região são permitidas apenas cercas, a casa foi pensada de modo a preservar o máximo possível da privacidade tendo a fachada frontal majoritariamente fechada, enquanto ela se abre para os fundos. Isso aliado à sua implantação faz com que a edificação em si ganhe a função de muro, que separa a parte frontal e mais exposta do lote, da parte dos fundos, mais íntima. Ambas essas partes são interligadas pelo grande vazio coberto do espaço multi-uso, que por vezes faz as vias de varanda, e em outras a de garagem.
     O programa da casa se apresenta de forma tão peculiar quanto o terreno em si. A pedido dos clientes, a casa deveria se separar em dois núcleos diferentes: uma casa de um quarto completa e espaçosa, com sala e cozinha integradas, e uma edícula onde haveriam duas suítes de hospedes. A solução projetual se deu de forma muito elegante, ao fazer toda a casa sob a mesma cobertura de duas águas, utilizando a varanda/garagem como elemento que une os dois núcleos, fazendo desse espaço o grande articulador do projeto.
     Formalmente, a casa é composta por três "blocos" mais fechados por paredes, espaçados entre si, formando uma lógica de cheio-vazio-cheio-vazio-cheio, algo como seria uma dupla kulata-jovai. Um desses vazios é a varanda/garagem, o outro deles, a sala, que é dotada de grande transparência na parte voltada para os fundos do terreno, e uma parede de não estrutural de madeira na parte da frente. A sala e a cozinha são integradas, sendo que o fogão a lenha é o elemento central desses ambientes, promovendo calor e aconchego à casa. Esses ambientes são dotados de basculantes altas, que promovem a ventilação cruzada e o efeito chaminé, além de, por estarem voltadas para o nordeste, recebem o sol justamente nos momentos mais frios do ano, que são as manhãs de inverno.
      A cozinha, por sua vez se integra à varanda/garagem por meio de um grande portão corrediço de 3,15m. Assim, ela funciona tanto como uma cozinha fechada para a casa, quanto uma área de churrrasco, aberta para a área externa, e próxima à piscina, situada no local mais ensolarado da casa.
     Os quartos de hospedes se integram também à esse espaço, porém não tem janelas voltadas diretamente para ele, garantindo a sua privacidade, ao mesmo tempo que fornecem banheiros que servem de apoio à área externa, no caso de um deles, podendo até funcionar independentemente do quarto. Um dos quartos conta com uma pequena cozinha de apoio, para permitir uma hospedagem mais confortável.
     Por fim, temos a parte íntima da casa, que conta com um corredor de distribuição, que serve para que o banheiro (acessível) possa ser usado independentemente do quarto (já que é o único no interior da casa). Esse  corredor leva também ao closet e a suíte master. No banheiro e no closet foram colocadas elegantes seteiras que garantem a privacidade dos ambientes ao mesmo tempo que asseguram a iluminação, além de comporem a fachada final da casa.
     Como acabamento, foram adotados os tijolos ecológicos aparentes, e o piso de vermelhão que, aliados ao telhado cerâmico, e as janelas com venezianas cegas com trilhos de celeiro dão um ar bucólico ao mesmo tempo que moderno à casa.